Sessão de 19 de Dezembro de 2007, Henrique Leitão (resumo SG)
Dennis R. Danielson,
"The great Copernican cliché",
American Journal of Physics, vol. 69, n. 10, 2001, p. 1029-1035
Danielson pretende mostrar a falsidade da ideia de que a adopção da teoria de Copernico implicou uma destituição do homem da sua posição privilegiada no universo. Começa o artigo por vários expressões desta ideia (do Agent Kay, 1997 à revista Sky & Telescope, 2000). Acrescenta mais adiante (p. 1031) o exemplo de Kline 1980, que pretende a existência do « dogma cristão » que o ser humano era o centro do universo. Demonstra primeiro que o cliché se baseia na equiparação de geocentrismo com antropocentrismo, e sublinha que na verdade uma ou outra posição são [logicamente] independentes. Lembra depois que, na imagem aristotélica e ptolemaica do mundo, a terra está no centro por ser o elemento mais grosseiro e não por « sua importância » (evitando invocar o argumento da gravidade). Cita um texto do século XII de Maimonides que exprima esta posição aristotélica e afirma que no pensamento árabe, judaico e cristão antigo « para cima » indica a dimensão do melhoramento, da importância (Capella séc. V, al-Biruni séc. X, Thomas Aquinas e Dante séc. XIII). Além disso cita Lewis 1964 dizendo que o « modelo medieval » era « antropoperiférico ».
Danielson sugere que apenas a partir do momento em que o sol é pensado ocupar o centro, este centro ganha em prestígio e cita a este propósito o próprio Copérnico. Para o mostrar cita ainda cartas de Bellarmino e Galileo (início séc. XVII). Ao mesmo tempo, Galileo continua a valorizar o « baile das estrelas » em que a terra agora participa. Danielson continua a mostrar a expressão do « antropocentrismo » em Kepler. Assim mostra que os contemporâneos e appoinates de Copérnico não associavam a deslocação da terra (e do homem) do « centro » a uma destituição de um sítio especial. Acrescente ainda um capítulo sobre a origem do « cliché », mostra que muito cedo existe também inquietação com uma terra móvel e nem sequer única talvez (Donne, Pascal, Robert Burton). Pensa que Fontenelle pode ter sido importante na criação do « cliché » porque emite a ideia que « Copérnico não tem sido muito simpático com a terra », e que « rebateu a vaidade humana ».
O autor pensa que esta reviravolta pode ser imputada à ideologia materialista moderna: permite projectar a sua própria ubris sobre uma época ultrapassada, e acertando que o estatuto especial do ser humano está baseado na sua natureza prometéica. Isto é uma tentativa de descobrir a « teleologia escondida » (p. 1034) do materialismo moderno. Finalmente, insiste que a cosmologia a partir de Copérnico não necessariamente veicula sempre a mensagem de um ser humano « insignificante ».
Danielson sugere que apenas a partir do momento em que o sol é pensado ocupar o centro, este centro ganha em prestígio e cita a este propósito o próprio Copérnico. Para o mostrar cita ainda cartas de Bellarmino e Galileo (início séc. XVII). Ao mesmo tempo, Galileo continua a valorizar o « baile das estrelas » em que a terra agora participa. Danielson continua a mostrar a expressão do « antropocentrismo » em Kepler. Assim mostra que os contemporâneos e appoinates de Copérnico não associavam a deslocação da terra (e do homem) do « centro » a uma destituição de um sítio especial. Acrescente ainda um capítulo sobre a origem do « cliché », mostra que muito cedo existe também inquietação com uma terra móvel e nem sequer única talvez (Donne, Pascal, Robert Burton). Pensa que Fontenelle pode ter sido importante na criação do « cliché » porque emite a ideia que « Copérnico não tem sido muito simpático com a terra », e que « rebateu a vaidade humana ».
O autor pensa que esta reviravolta pode ser imputada à ideologia materialista moderna: permite projectar a sua própria ubris sobre uma época ultrapassada, e acertando que o estatuto especial do ser humano está baseado na sua natureza prometéica. Isto é uma tentativa de descobrir a « teleologia escondida » (p. 1034) do materialismo moderno. Finalmente, insiste que a cosmologia a partir de Copérnico não necessariamente veicula sempre a mensagem de um ser humano « insignificante ».