Observation in the Margins, 500–1500 / K. Park

Sessão de 4 de Novembro de 2012, book-club


"Introduction: Observation Observed" / Loraine Daston e Elizabeth Lunbeck, p. 1-9
"Introduction: Part I. Framing the History of Scientifi c Observation, 500–1800", p. 11-13
"1 Observation in the Margins, 500–1500" / Katharine Park, p. 15-44

in Lorraine Daston & Elizabeth Lunbeck eds., Histories of scientific observation, (Chicago/London: The University of Chicago Press 2011).

Introdução

Daston e Lunbeck mostram porque é oportuno escrever a história da observação científica qua "categoria epistémica" de pleno direito (p. 2) e indiciam um caminho para o fazer. Primeiro perguntam porque é que esta história ainda não foi escrita até agora: apontam para duas razões. Primeiro, a observação seria uma coisa muito óbvia, omnipresente, de forma que esta história teria que englobar a história da ciência toda (p.1). A segunda razão seria que o papel da observação (supostamente passiva) foi desvalorizado relativamente ao papel da experimentação (supostamente ativa) durante os séculos 19 e 20. (p.3-5)

Por outro lado, o estudo da "observação" já está encaminhado por vários trabalhos: em sociologia histórica (Norbert Elias) e antropologia culural (Clifford Geertz). Ele pode orientar-se nos exemplos dos trabalhos de Raymond Williams e Michel Foucault que mostraram como o contexto histórico moldava aspetos da existência e vivência humana tidos por imutáveis (o corpo, a sexualidade). Outros estudos historicizavam os sentidos (Alain Corbin). Existe também já um corpus de literatura em história da ciência sobre a história da experimentação (importantes referências da nota no. 6) que tem várias características em comum com a observação científica (p.3):
  • a observação (tal como a experimentação) é uma forma de experiência altamente artificial e disciplinada
  • ela requer (tal como a experimentação) treinar os gestos e a mente
  • ela requer (tal como a experimentação) utensílios materiais
  • ela requer (tal como a experimentação) técnicas de descrição e de visualização
  • redes de comunicação e transmissão
  • critérios consensuais (canons) de evidência
  • formas especializadas de raciocínio.
Os autores fazem em poucos traços a historicização dos pressupostos filosóficos que postulam a observação como neutra e passiva. (p. 3-6) Feito isto, a "observação" apresenta-se como um tópico apetitoso de investigação histórica ("beckoning topic of historical inquiry").

A seguir, elas esboçam ainda a estrutura e a génese (um projeto MPIWG Berlin, 2006-2008) do volume. (p. 6-8)